Uma indústria incansável
Quando se fala no período de pandemia do novo coronavírus, torna-se mandatório destacar o papel da indústria brasileira de dispositivos médicos, que trabalhou unida, implementando importantes inovações tecnológicas, além dos esforços que cada uma das empresas dispendeu para manter a operação saudável ante às inúmeras ameaças que enfrentaram e de outros desafios que ainda estão por vir.
“Essa pandemia veio dar cores reais às grandes deficiências socioeconômicas do País, e, com a indústria de dispositivos médicos, não foi diferente. Diante da explosão da demanda, principalmente por ventiladores pulmonares e EPIs, as empresas tiveram que se adaptar rapidamente a essa nova realidade.”
Esse acontecimento – inédito na história mundial – certamente se constituirá em divisor importante para a consolidação da importância da produção local. Afinal, fica evidente que saímos reconhecidos como indústria de necessidade estratégica.
É clara a missão para o pós-pandemia: a reindustrialização do setor.
Rever o papel da indústria, tratá-la com o devido valor e criar mecanismos que a fortaleça são as prioridades trabalhadas pela ABIMO, que segue vislumbrando para o setor uma indústria respeitada e inovadora, em parceria com universidades e institutos de pesquisa, a fim de desenvolver soluções disruptivas capazes de atender as demandas de um País em desenvolvimento, onde mais de 70% das pessoas dependem exclusivamente do SUS.
Nessa perspectiva, para apresentar todo o trabalho realizado e as possibilidades futuras para o nosso setor, idealizamos o Panorama ABIMO, que apontará as dificuldades, as soluções desenvolvidas, as práticas adotadas para manter o funcionamento das atividades e também os próximos passos diante desse cenário de exceção, que não tem prazo para terminar. A cada semana publicaremos novas histórias, contadas pelas próprias indústrias, deixando pública e registrada toda a força, competitividade e capacidade de adaptação do nosso setor.
Por uma indústria competitiva
Durante 2020, nosso trabalho esteve voltado quase que exclusivamente para gestão de uma das maiores crises no Brasil e no mundo, com a chegada da pandemia do coronavírus. Por meio do ComSaude e do SINAEMO, buscamos fortalecer a indústria nacional por meio de articulações entre os governos federal, estaduais e municipais e a Cadeia Produtiva da Saúde.
Entender as estruturas do Governo Federal, que mudavam a todo momento, consumiu uma grande parte do ano. E ainda estamos trabalhando nisto. Somente no nosso setor, foram três ministros da Saúde em apenas um ano, além de vários secretários. Não fosse esta instabilidade, teríamos um resultado muito melhor.
O lado positivo é que a indústria mostrou enorme flexibilidade, resiliência e capacidade de adaptação para atender às demandas de produtos e de serviços referentes à pandemia. Muitas delas até mudaram seus modelos de negócios para atender o mercado. Nosso setor deu inúmeros exemplos práticos de sua capacidade de resposta, de eficiência, de qualidade, de inovação e tecnologia.
O retorno por parte dos governos foi a morosidade na aprovação de projetos, quase ausência de crédito, cancelamentos de contratos, atrasos nos pagamentos acordados. E, ainda, promoveu políticas tributárias que privilegiaram a compra de produtos e insumos importados e aumento nas alíquotas de impostos que atingiram vários setores.
“Diante desse panorama, em 2021, vamos continuar trabalhando na interlocução entre governos e entidades para que as decisões sejam tomadas com base em conversas com o nosso setor e medindo as consequências das medidas adotadas. Em paralelo, e não menos importante, a articulação em torno da isonomia tributária seguirá na pauta porque uma indústria forte, inovadora e competitiva no mercado interno e externo só se faz com políticas de Estado estruturadas e capazes de apoiar e impulsionar a cadeia produtiva do país.”