Uma empresa nacionalizadora de tecnologia. Essa é a definição de Renaldo Massini Junior para a Razek, da qual ele é CEO. A companhia de São Carlos viu sua produção paralisar no início da pandemia, em março de 2020, logo após o término da construção de uma nova sede, a mais moderna do segmento de insumos para cirurgias em ortopedia da América Latina.
A líder no setor de insumos para ortopedia, excetuando-se os materiais implantáveis, consolidou-se, detectando pontos em que o mercado estava dependente de insumos importados – e desenvolvendo produtos similares nacionais, com alta qualidade e preço competitivo.
Com a pandemia, a Razek realizou rapidamente os ajustes administrativos necessários, sem aumentar o passivo, suportando meses em que o faturamento caiu a 20% das médias históricas, para lentamente retornar à taxa 80% das referidas médias. A estimativa de Massini é de que em dezembro de 2021 a empresa esteja retome as cifras históricas, na medida em que o processo de vacinação população libere os leitos hospitalares e a possa ser dada vazão à enorme demanda reprimida. O executivo acrescenta que o estoque de material é grande para atender essa eventual retomada.
Luz UV para combater a Covid
Renaldo Massini Junior também é CEO da DMC Importação e Exportação de Produtos Ltda, que opera no segmento de produtos para saúde, voltada para novas tecnologias com especialidade em fototerapias e iluminação com sistemas de laser e led, motores cirúrgicos, materiais de uso único e biomateriais. Durante a pandemia, a empresa conseguiu restabelecer rapidamente os níveis históricos de faturamento, devido à explosão da demanda por sistemas de melhoria da resposta imunológica, além de ter investido no desenvolvimento de plataformas de desinfecção através da utilização de luz UV, no combate ao coronavírus. A DMC aguarda a homologação dos protótipos que desenvolveu.
Com 23 anos de trajetória, a companhia sediada em São Carlos começou nos segmentos de odontologia, estética e fisioterapia. Depois, ampliou o escopo de atuação para a área de ortopedia e suas subdivisões, neuro e pneumo, formando um extenso portfólio. “Dominamos engenharia mecânica, engenhara eletrônica fina, engenharia química e ótica”, explica o CEO. Aproveitando a diminuição do ritmo de produção causado pela pandemia, a empresa produziu álcool em gel e face shield durante 90 dias, materiais esses que foram doados aos hospitais da região.
Entre julho e setembro de 2020, a DMC viu triplicarem as vendas de produtos de tecnologia laser, voltados para a melhoria da resposta imunológica de pacientes com condições fisiológicas debilitadas.
“Percebemos que poderia haver falta de suprimentos, como ocorreu na crise de 2008 e compramos estoque de matéria-prima para seis meses, o que assegurou a produção no momento em que a demanda cresceu. Tínhamos material para trabalhar, inclusive componentes eletrônicos. Triplicamos o volume de produção, para que não houvesse escassez no mercado. Em julho, agosto e setembro batemos recordes históricos de produção.
A DMC terminou recentemente uma obra de expansão e começou outras três. Segundo o empresário, a expectativa é positiva, se as oscilações políticas não atrapalharem. “A linha de crédito disponibilizada pelo governo através de bancos privados e estatais, foi a melhor coisa que a indústria recebeu nos últimos 50 anos. Só não sobreviveu quem não teve velocidade em se ajustar”.
Para ele, as indústrias brasileiras irão se destacar se forem eficientes e eficazes, fazendo mais, melhor e a um custo mais baixo. O CEO enfatiza que o empresariado precisa inovar. “É com inovação que se ganha dinheiro”.
Ele ressalta que as empresas de saúde no Brasil são relativamente pequenas e são amparadas por políticas governamentais de auxílio através dos órgãos de fomento, desde que o processo de inovação esteja presente. Massini comenta sobre a ANVISA: “Percebemos uma melhora sensível em termos de prazos, porém em termos de padrão e consistência em termos de critérios técnicos de avaliação, entendemos que há bastante espaço para melhoria, já que tais temas são determinantes para o fato do Brasil não ser inovador na área de saúde. Como padrão nacional, apenas copiamos, com raras exceções”.
Expectativa
Juntas as fábricas da DMC e da Razek ocupam um espaço de 8 a 9 mil metros quadrados, onde trabalham 400 funcionários. “Pelo fato de não termos nos endividado, não termos demitido, termos um alto nível de estoque regulador, posso dizer que nos saímos extremamente bem”, declara o CEO das empresas, em referência à pandemia. Para ele, o período “nos fez repensar tanto a vida profissional quanto a pessoal”.
As expectativas de Massini são as melhores possíveis em função da aceleração do desenvolvimento da área e dos produtos novos no pipeline. “O mercado de saúde brasileiro é grande e com o câmbio no nível em que está, os concorrentes internacionais estão pouco competitivos. O potencial de crescimento nunca foi tão bom”.