Manter uma indústria na ativa desde 1915 e, ainda mais em tempos de pandemia, é um desafio muito grande, mas que a FAMI Tecnologia Médica tem conseguido com foco e adaptabilidade. Desde sua fundação, a indústria vem buscando oferecer alta qualidade, garantia e atendimento personalizado na fabricação de produtos para saúde, como soluções para o processamento de dispositivos médicos, visando atender as normas legais e contribuir para a segurança, tanto do paciente, quanto do profissional.
A epidemia de Covid-19 se mostrou um período de possibilidades, pois a cada novo hospital de campanha aberto, são necessárias comadres, papagaios, bandejas e outros produtos para o atendimento de pacientes acamados. “Sempre oferecemos soluções completas para CME (Centro de Materiais e Esterilização), mas no período de pandemia vimos nossas vendas crescerem com produtos específicos para assistência ao paciente, e nos concentramos em atender esse aumento de demanda”, explica Alexandre Nardi, diretor-executivo da FAMI.
Porém, o baixo valor agregado dos produtos não permitiu que o faturamento se mantivesse. Foi preciso se reinventar e se adaptar. “Os projetos para CMEs estão ligados às cirurgias eletivas e quando elas foram suspensas os meus projetos focados nessa área pararam também. Cresci a capacidade produtiva desses itens e melhorei meus processos, substitui algumas pessoas, melhorou a qualidade da mão de obra e fiz investimentos no desenvolvimento da produção para estar preparado para o retorno”, complementa Nardi.
Um dos projetos que tomou corpo foi o de soluções em rastreabilidade de instrumentos cirúrgicos, uma área que sempre foi bastante deficitária no Brasil. Para isso, a FAMI deixou de importar e passou a produzir o FAMI Track, etiquetas gravadas e recortadas a laser, que resistem até 200 ciclos de processamento. Funcionam como um registro único que permite o rastreamento do instrumental por todo o ciclo.
Confiança entre gestão e operacional
Para Nardi, o home office não se mostrou um problema e nos três primeiros meses da pandemia, as áreas administrativa e comercial ficaram 100% afastadas. Após esse período, quem se adaptou ao formato pode permanecer e quem não se adaptou, pode retornar ao escritório, com todos os protocolos de segurança. “O que mudou foi o relacionamento com os funcionários. Para que eles pudessem vir trabalhar tranquilos, precisamos criar um relacionamento de confiança e garantir que tudo estava sendo feito para cuidá-los. A gente se aproximou mais e melhorou a confiança entre a gestão e os funcionários do operacional. Por incrível que pareça, o clima é muito melhor do que antes da pandemia.”, complementa.
De olho em novos horizontes
Com seus 106 anos, a FAMI já passou por algumas das grandes crises vividas pelo Brasil, foi criada em meio a uma guerra, depois, passou pela 2ª Guerra Mundial, sobreviveu a elas e cresceu. Hoje, conseguiu se profissionalizar e está pronta para competir com qualquer empresa multinacional em questão de qualidade, processos, tecnologia e preços.
O Governo tem papel fundamental. É necessário trazer seriedade e profissionalismo e ter uma estratégia integrada para o desenvolvimento da indústria de dispositivos médicos do país. Nardi afirma que, infelizmente, há pouco apoio do governo. “Eles realmente tentaram, mas foram medidas que deveriam ser naturais e não emergenciais. Falta crédito, apoio técnico, investimento no desenvolvimento da produção, capacitação por parte do Estado, e algumas questões regulatórias da ANVISA que permitem que produtos nacionais e importados possam entrar no mercado de saúde sem nenhum tipo de controle, abrindo assim a concorrência para produtos sem qualidade e que podem comprometer a segurança do paciente”.
Com a perspectiva de melhora no cenário pandêmico, a indústria pretende conseguir retomar seus projetos, e a produção de embalagens que atendam às cirurgias eletivas, devendo voltar ao patamar anterior.
“Estou otimista. Temos como retomar o que estava parado e, com investimentos, ir atrás de mercados mais regulados que o nosso e que não tínhamos acesso”