Criada em 2002, a Confiance Medical é a maior fabricante de equipamentos de videocirurgia do Brasil. Com sede na Praça da Bandeira, um dos bairros mais antigos no Rio de Janeiro, a empresa é especializada em videolaparoscopia (método de cirurgia considerado um dos maiores avanços tecnológicos do último século) e endoscopia digestiva. Apesar de ser uma referência no mercado de dispositivos médicos, a chegada da Covid-19 ao Brasil provocou inúmeros problemas para empresa. A saída foi investir em pessoas e inovar para se manter mercado.
E preciso levar em conta que, durante este período, existiram dois tipos de indústrias de dispositivos médicos: as que tiveram um aumento na demanda por conta do coronavírus; e aquelas que tiveram uma queda na demanda por conta da suspensão de procedimentos eletivos. Esse foi o caso da Confiance, que viu a demanda desabar e, com isso, teve um enorme desafio para manter sua operação diante do prolongado período pandêmico.
Com mais de 8.000 produtos instalados em todas as regiões do país, a empresa decidiu atuar em diferentes frentes. Além de continuar a fornecer equipamentos com qualidade e tecnologia que atendam as necessidades do médico, também lançou, especialmente para o cenário pandêmico, o CM-100. O dispositivo é um sistema automático de escape de fumaça, que oferece segurança para a equipe cirúrgica e os pacientes por meio da filtragem e evacuação da fumaça e vapores nos procedimentos videocirúrgicos.
De acordo com Cristiano Brega, CEO da Confiance Medical, foi preciso investir para resistir, e para isso, foram feitas melhorias na área de inovação interna. “Aperfeiçoamos alguns processos para ganhar mais agilidade nas entregas dos equipamentos e nas manutenções, porque sabíamos que os hospitais não poderiam perder as janelas de cirurgias que aconteceram durante a pandemia”, comentou.
Com a chegada da pandemia, outra questão passou a ser debatida pelos diretores da empresa: como reduzir o risco de alguém pegar Covid? A pergunta foi respondida com uma série de ações. “A primeira coisa que fizemos foi separar quem conseguia trabalhar remotamente e quem precisava ir à empresa. Depois, a prioridade era dar segurança para quem estava indo à nossa sede, então passamos a pagar Uber para quem precisava trabalhar, além de implementar todos os protocolos sanitários que, por sinal, são mantidos até hoje”, afirmou Cristiano Brega.
Ele também comentou que, apesar da epidemia ter afetado o ambiente de negócios, principalmente em função da suspensão de alguns procedimentos cirúrgicos, a Confiance conseguiu atingir todos os indicadores estratégicos em 2020 e tudo indica que o feito será repetido em 2021. “Estamos sustentando um crescimento muito acima do mercado nos últimos quatro anos”, afirmou. Confiante, ele acredita que as perspectivas para os próximos anos são ainda melhores, pois “haverá uma corrida pela diminuição da fila cirúrgica, que já era grande antes da pandemia, e agora está ainda maior”.
Brega entende que sua empresa está preparada para essa nova demanda, “Os hospitais, que sofreram com a redução das receitas, agora precisam buscar soluções inovadoras. Estaremos aqui para ser o parceiro que eles necessitam”, diz Além disso, a Confiance Medical promoveu altos investimentos em pesquisa e desenvolvimento nos últimos dois anos, aumentando seu acervo de produtos e reforçando a oferta de prestação de serviços através da locação.
O executivo acredita que a indústria de dispositivos médicos Brasil carece de investimentos, mas o principal problema são as incertezas, que dificultam o planejamento de longo prazo assertivo.
“As coisas mudam muito rápido no Brasil, e às vezes, mudam de acordo com a pessoa que está analisando. Uma mesma situação pode ter duas opiniões diferentes que mudam completamente o cenário em um intervalo pequeno de tempo: isso vale para questões trabalhista, fiscais, Anvisa e etc”