Líder no mercado, CARCI apostou na terceira idade para fugir da crise

Pandemia afetou o setor dos dispositivos médicos, mas também gerou aumento na demanda por aparelhos de reabilitação física

Consolidada no Brasil há 55 anos, a CARCI também viveu um grande desafio com a chegada da pandemia ao país. O presidente da empresa, Orlando de Carvalho, precisou ficar afastado por 45 dias em função das complicações da doença. Porém, foi com perseverança e dedicação que a empresa e seus funcionários passaram pela crise e, hoje, já pensam em um futuro melhor para o setor.    

Criada em 1966, a CARCI é uma proeminente indústria no setor de reabilitação física e fisioterapia. No início, desenvolvia material de ortopedia para a Santa Casa de São Paulo. Com o tempo, tornou-se a primeira empresa brasileira a nacionalizar produtos de fisioterapia, sendo detentora de cerca de 60% do mercado brasileiro. Atualmente, ela importa as mais modernas tecnologias do mundo, adaptando-as para as necessidades do mercado nacional.

O crescimento da CARCI ao longo dos anos, explica o seu presidente, Orlando de Carvalho, foi acompanhado pelo desenvolvimento e a atuação da ABIMO, fundada em 1962. Por meio dos programas e iniciativas da entidade, a empresa conseguiu crédito, e fez sua primeira exportação para o exterior, em 1970, para o Chile. Anos depois, a CARCI participou de sua primeira feira internacional médica, já como um importante player do mercado brasileiro. 

Quando a pandemia chegou ao Brasil, Orlando de Carvalho disse que, em um primeiro momento, precisou recorrer aos empréstimos dos bancos públicos para poder continuar pagando as suas contas e manter a produção. Ele explicou também que o período da epidemia proporcionou um aumento de demanda nos materiais para reabilitação física, em razão das sequelas da Covid-19, mas eram materiais simples, de baixo custo, com pouca capacidade de reverter as perdas financeiras do período.

O presidente da CARCI entende que a Covid-19 também reinventou a fisioterapia. “Hoje ela é feita em casa”, analisou, em seguida dizendo que a empresa precisou se readequar a este novo cenário, principalmente no que diz respeito à terceira idade, população mais afetada pela pandemia e que necessita de uma atenção especial. 

A Covid-19 é uma condição complexa, que pode evoluir para quadros graves e fatais. Embora a maioria das pessoas que contrai o vírus apresente poucos sintomas, pelo menos 5% dos pacientes desenvolvem a forma mais severa da doença, que é capaz de afetar várias regiões do organismo (não só o sistema respiratório) e deixar seqüelas. Diversos sintomas e danos são relatados na fase pós-Covid. Os mais frequentes incluem fadiga, dor no tórax, falta de ar, déficits cognitivos, alterações no sono e redução na capacidade funcional. 

A fisioterapia atua na reabilitação por meio de técnicas, exercícios e acompanhamento individualizado do paciente. A CARCI, por sua vez, é especialista em Eletroterapia, Termoterapia, Hidroterapia e Mecanoterapia. Neste sentido, Orlando de Carvalho promoveu algumas mudanças em setor de produção, orgulhando-se em dizer que, apesar das transformações, ninguém foi demitido durante a pandemia. “O lado social da empresa é muito importante”, frisou. 

A perda de receita, contudo, foi inevitável. O presidente da CARCI entende que o aumento nos preços das matérias primas, principalmente do plástico, ferro e aço, foi o maior responsável pela crise no setor. Para ele, a indústria nacional depende muito da importação, e faltou apoia dos governos nos últimos anos. “Quando a Covid chegou, ela apenas expôs essa crise da saúde pública do Brasil”, afirmou. 

Orlando de Carvalho
Orlando de Carvalho
Presidente da CARCI

Ao comentar sobre o que falta para o desenvolvimento do setor das indústrias médicas no Brasil, Orlando de Carvalho disse que as empresas que estão estruturadas precisam se conectar com as starups que estão florescendo pelo país. “Mas é preciso também uma estrutura de Estado, e principalmente uma redução da carga tributária”, concluiu.