Criada em 1994, a American Instruments se viu com um grande desafio no início do ano passado, quando surgiu a pandemia do coronavírus. Fabricantes de dispositivos médicos cirúrgicos da área de vídeocirurgia, a empresa também tem filtro para respiradores no seu portifólio. Até então, esse era um produto de difícil comercialização, já que sofria uma forte concorrência dos produtos importados da China, que entram no país com custo menor. Porém, com o fechamento do comércio internacional e a limitação de importações, coube à empresa sediada em Rio Claro, no interior de São Paulo, se adaptar para atender essa demanda.
“Houve uma procura crescente do nosso filtro para respiradores HME (Heat and Moisture Exchanger) e HMEF (Heat and moisture Exchanger Filter). Até então, tínhamos dificuldades para comercializar esse item por conta do impacto do custo Brasil no preço final. Mas, com a dificuldade de compra e prazos de entrega dilatados oferecidos pelos fabricantes chineses, o mercado nacional cresceu e abraçamos essa oportunidade, até porque já fabricávamos esses produtos há 10 anos”, destaca Flávia Albuquerque, diretora da empresa.
Para atender a necessidade do mercado e ao mesmo tempo seguir as normas de distanciamento social, a empresa ampliou a produção para três turnos. “Apesar das dificuldades iniciais, o período de combate ao coronavírus iniciado em março de 2019 representou uma oportunidade”, explica a executiva.
Contudo, mesmo antes do final de 2020, o cenário tributário voltou a impactar o projeto de expansão da indústria. “A volta da cobrança de ICMS de diversos produtos foi uma grande decepção para quem já enfrenta enormes desafios tributários por conta do custo Brasil. Os itens chineses entram no Brasil com benefícios fiscais. Já o que é fabricado aqui não tem as mesmas condições. Esse cenário precisa mudar o quanto antes para continuarmos a expandir e gerar empregos no país”, afirma.
Diversificação e especialização em videocirurgias
O portifólio da American Instruments oferece produtos destinados a especialidades plástica, ortopédica, anestesia e cuidados respiratórios, além de atuar no desenvolvimento de órteses (dispositivo externo aplicado ao corpo para modificar os aspectos funcionais ou estruturais do sistema neuro músculo-esquelético para obtenção de alguma vantagem mecânica ou ortopédica).
Ao lado dos parceiros Support e Tecnocirúrgica, a American Instruments forma um grupo empresarial que ocupa uma área de aproximadamente 1.550 m² que acomoda os setores de projetos, produção de materiais e equipamentos, estoques, comercial e assistência, em um arranjo físico que atende todas as exigências regulatórias quanto a não-cruzamento de fluxos de matéria-prima, insumos, produtos e processos.
Para se consolidar no mercado, a empresa investe constantemente na infra-estrutura. Hoje, conta com área comercial 24 horas online, recursos humanos próprio, gerência de vendas especializada e faz logística e armazenagem em ambientes controlados. Também possui áreas específicas para realizar rigoroso controle de qualidade, treinamento para novos produtos, e desenvolvimento e execução de projetos próprios.
A American Instruments também investe em produtos para proteção da equipe cirúrgica durante os procedimentos. O destaque é para o filtro Laparo HEPA, desenvolvido para evitar contaminação da equipe cirúrgica durante procedimentos laparoscópicos. Esse filtro possui barreira com eficiência comprovada de 99,999% contra vírus e bactérias, e uma membrana de carvão ativado que possui função de adsorção de odores. “Também demos muita ênfase ao filtro do insuflador, projetado para filtrar o gás carbônico CO2 do equipamento para o paciente, evitando com eficácia a contaminação cruzada entre pacientes que usam o mesmo insuflador”, diz.
A diretora da empresa também ressalta a excelência na produção, apesar de todas as dificuldades que a indústria nacional enfrenta. “Ao longo dos nossos 27 anos, sempre cumprimos todos os requisitos necessários para a fabricação dos produtos. Tudo isso baseado em processo de melhorias contínuas que garantem a qualidade e nos possibilita fazer frente ao mercado internacional, apesar da falta de incentivos governamentais para a produção nacional. Fabricamos no Brasil 100% do nosso portfólio”, ressalta Flávia.